São muitas as velhices, afinal cada um tem sua história de vida, vive em um determinado ambiente, a renda varia e a qualidade e acesso aos serviços de saúde e educação está longe de ser igual para todos. Respeito e diversidade foi tema de uma das mesas do Congresso Municipal sobre Envelhecimento Ativo, realizado no dia 12 de setembro na Câmara Municipal de São Paulo.
Em sua quinta edição, a iniciativa do vereador Gilberto Natalini, coordenada por Luciana Feldman com o apoio de mais de 40 parceiros, entre eles a Virada da Maturidade, foi um sucesso. Centenas de pessoas acompanharam a transmissão online das palestras com convidados e estudiosos renomados da área do envelhecimento e da longevidade. Destaque à parte para a palestra magna com o prof. dr. Alexandre Kalache, referência mundial no tema, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil.
Quem não acompanhou o Congresso ao vivo pode ter acesso ao evento completo no canal do YouTube do vereador, onde também é possível assistir ao Pré-Congresso, realizado no dia anterior. O conteúdo das palestras está disponível no site do evento.
Desigualdades
Como disse o professor Alexandre da Silva, da Faculdade de Medicina de Jundiaí e integrante do GT Racismo e Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), é difícil falar em diversidade em um país tão desigual. Ele trouxe exemplos da segregação residencial existente na cidade de São Paulo com os muitos desafios vividos pelos territórios que tem maioria da população negra.
Em meio à pandemia de Covid-19, esses territórios negros da cidade, segundo ele, que não são amigos dos idosos, registraram mortes de idosos negros e não negros. Momento para perguntar: “o que deixou de ser feito nesses territórios que nós já sabíamos do risco a que esta população estava exposta?” Pessoas que vivem o racismo estrutural em todo o curso de vida, com início mesmo antes de nascer, quando a mãe não tem acesso ao acompanhamento adequado durante a gravidez.
Controle social
Outra participação importante foi de Gioia Tumiolo Tosi, do Observatório Social do Brasil. A entidade estimula a participação do cidadão na gestão pública, monitorando ações e assim fortalecendo a cidadania. É um controle social, como explicou a palestrante, na perspectiva do custo da política pública, complementando a necessidade de uma conversa conjunta com todos os envolvidos para reivindicar políticas públicas, a partir do que dispõe o Orçamento municipal.
A palestra trouxe uma reflexão importante para o que discutimos na coluna. O Brasil tem uma legislação tão completa como o Estatuto do Idoso, mas que pouco se efetiva. Um desafio para os governos e à sociedade que, muitas vezes, desconhece a origem e destino dos recursos das administrações para cobrar ações efetivas.
Como disse, também no Congresso, Sandra Gomes, responsável pela Coordenação de Políticas para Pessoa Idosa, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, apenas com conhecimento é possível empoderar as pessoas idosas, não só elas, como a todos nós. O primeiro passo de um longo caminho para que as muitas velhices possam ser vividas com respeito e dignidade.