O compromisso da Virada da Maturidade em buscar atividades que possibilitem viver melhor a velhice é o principal motivo que atraiu Eliza Montrezol, presidente do Instituto Energia, para fazer parte do time de curadoria do evento. Para ela, é fundamental reconhecer que a velhice é um período que se não for olhado com muito cuidado, pode ser de muito sofrimento.
O Instituto Energia é uma organização social sem fins lucrativos que é constituído como pessoa jurídica em 2010, na cidade de Santos, no litoral de São Paulo. Eliza fez parte da fundação dessa organização. Ela é pedagoga, mestre em Psicologia da Educação, se especializou em Psicogerontologia e fez o curso de extensão universitária Fragilidade na Velhice pela PUC-SP. Já foi presidente e vice-presidente do Conselho Municipal do Idoso de Santos. Ao seu currículo se soma a sensibilização da sociedade para questões relativas ao envelhecimento e a preocupação com o bem-estar social, questões trabalhadas por ela na Virada da Maturidade anualmente.
“Esse movimento tem uma força política importante porque concentra um grupo de pessoas que se disponibilizou a criar, em poucos dias, uma nova mentalidade sobre esse momento do desenvolvimento humano que, para muitos, é desconhecido. Ou pior, é carregado de preconceitos”, avalia a curadora da Virada da Maturidade.
Uma das preocupações da curadora é com a garantia de direitos, o que fez com que fosse inserido na programação um espaço de discussão na Câmara Municipal de São Paulo. “Esse espaço tem o objetivo de pensar como as políticas têm respondido as necessidades da pessoa idosa. E neste ano de 2020 iriamos trazer a discussão com os cuidadores de idosos a partir das premissas: cuidar é um ato humano, cuidar é uma via de mão dupla, cuidar é respeitar direitos e cuidar é respeitar cada um na sua necessidade”, conta.
Para Eliza, a Virada atua no imaginário de todas as pessoas, inclusive dos próprios velhos quando se propõe a mostrar o que são capazes de fazer, de dizer e de pensar. “O protagonismo é do velho e isso não é pouca coisa. Uma pessoa velha podendo ocupar um espaço social, ser reconhecida nos seus saberes, em nossa sociedade, é uma grandiosidade”, afirma, destacando que cada participante, não importa a idade, é motivado a olhar para o próprio processo de envelhecimento.
O trabalho da curadoria na escolha das atividades, segundo Eliza, responde perguntas como: Como o velho está? Do que ele precisa? Como compreender que envelhecer é um momento importante da vida? Como a sociedade deve construir redes de apoio que terminem, por exemplo, com a violência contra a pessoa idosa? Como as políticas públicas devem assegurar direitos e construir espaços para que esses sejam ampliados?.
Eliza destaca a participação da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) na curadoria da Virada da Maturidade, representada pela gerontóloga Elci de Almeida Fernandes. “A vinda dessa reconhecida entidade nas discussões sobre o envelhecimento amplia a importância do movimento”, ressalta.