Maria Cristina Bôa Nova

Nascida em 16 de fevereiro de 1949, Maria Cristina Bôa Nova estudou Psicologia em Recife (PE), onde nasceu, e veio para a cidade de São Paulo, recém-formada, há cerca de 48 anos. Ela acredita que sua vinda para São Paulo teve como motivação se diferenciar. “Sempre ia lá, uma vez por ano, com os filhos, mas não cogitei voltar. Eu preservei muito as minhas escolhas. Não fiquei fazendo concessão e andando para trás. Você pode até olhar para trás para elaborar algumas coisas, mas o processo é você ter que andar em uma direção de expansão e não de encolhimento, eu penso assim”, avalia.

Ela construiu sua vida profissional toda em São Paulo. Durante cerca de 16 anos, trabalhou em Gestão de Recursos Humanos e, a certa altura, buscou migrar para a área Clínica e fez uma especialização em Psicodrama Clínico na Sociedade de Psicodrama, que hoje faz parte do Sedes Sapientiae. Sem se identificar na área, migrou para o Desenvolvimento Social, e começou a trabalhar com projetos sociais em uma fundação empresarial, coordenando ações para crianças e adolescentes.

“Quando eu saí fui trabalhar na Secretaria Municipal de Assistência Social, que tinha muita interface com as questões da proteção básica, com a qual eu já estava meio envolvida na fundação. Trabalhei com as questões mais fortemente da Criança, do Adolescente e da Família. Quando eu me aposentei surgiu essa oportunidade, através da Sandra Gomes (curadora da Virada da Maturidade) de atuar no Conselho Municipal do Idoso”, contou.

Ela se aposentou e continuou trabalhando por alguns anos, fazendo parte do Conselho do Idoso. “Então, junto com atuação como conselheira, eu também fazia avaliação de projetos sociais para fundações empresariais. Infelizmente não está tão frequente. Eu gosto muito para complementar, porque a aposentadoria é complicada e restrita”, destacou a embaixadora, que gosta de atuar com política, políticas públicas e direitos humanos e questões que envolvam a inclusão social e o empoderamento das minorias.

“Eu gosto muito de ler sobre política. Quando eu digo política, não é partidária, mas política de promoção da dignidade humana, da capacitação humana e por aí vai. Então, em 2018, eu entrei no Conselho e minha participação era para ter terminado em 2020, mas com a pandemia a nossa gestão se estendeu por mais um ano, foi até 2021. E em 2021 eu me candidatei outra vez, fui eleita e estou terminando o segundo mandato agora em 2023, que vai ter uma nova composição”, explicou.

A embaixadora da Virada da Maturidade destaca que seus olhos passaram a brilhar de uma forma diferente depois de mais madura, muito mais do que quando tinha 20 anos. “Eu passei a viver com muito mais plenitude. Eu mergulhei em muitos processos terapêuticos para me conhecer, para me fortalecer, me emancipar e me sentir mais segura. Eu acho que os filhos me deram muita segurança. A responsabilidade de ter filho é incrível, é muito forte. Então, passei por esses processos também para continuar lutando e para ter equilíbrio, para ser uma pessoa que passa uma energia legal para os filhos. É importante a gente se conhecer e não se enganar”, ressaltou.

 

ENTREVISTA

 

A ATUAÇÃO NO CONSELHO MUNICIPAL DO IDOSO

O que eu entendo, a partir do que a minha experiência me mostrou, é que um aprendizado contínuo a questão da Democracia Participativa, porque não está escrito: “Olha, você faz assim, atua assim, atua assado”, entendeu? E as pessoas que representam são muito diversas. O Conselho Municipal da Pessoa Idosa de São Paulo fez 30 anos em outubro do ano passado e a história dele é diversa, tem pessoas que têm aquela luta das organizações sociais, das conquistas por habitação; tem as pessoas que são mais ligadas às questões dos serviços de saúde e de assistência, então tem uma gama de temas para serem trabalhados e lutados. Tudo para conquistar orçamento, legislação, serviços, e provocar o poder público para que ofereça as condições para uma qualidade de vida, uma inclusão digna das pessoas de 60 anos e mais. São Paulo é imensa, tem 2 milhões de idosos.

Eu senti que é uma é uma luta incessante. Você deve imaginar, até por qualquer outra estrada que você tente atuar, as expressões, a interlocução, é tudo muito complicado. É corpo a corpo com vereador, com os Serviços, com as Secretarias, com os pares, que às vezes enxergam de forma diferente os encaminhamentos. Uns olham com muito bairrismo o seu território, mas a gente tem que pensar o alcance global da cidade.

Então, eu acho que, mesmo com cinco anos, foi uma experiência rica, sem dúvida, mas eu vejo que a gente precisaria fazer tanto mais, e contar muito com as mídias, com o entendimento da sociedade de que a pessoa idosa envelhece desde que nasceu. Acho que a gente precisa conseguir compartilhar que nós estamos nesse processo desde que nascemos, e que saber envelhecer é algo que é de responsabilidade de cada um. A interface das questões do envelhecimento tem a ver com todos os setores, de saúde, da educação básica, da sensibilização de crianças, adolescentes e famílias, da convivência intergeracional.

A política para o idoso são todas. O idoso precisa de saúde, de segurança, segurança patrimonial, uma renda ou uma condição de sobrevivência digna com serviços ou com complementação de salário. Enfim, sobre minha atuação no Conselho, é um universo tão amplo e com interlocuções tão heterogêneas que você precisa ter um jogo de cintura para lidar com as realidades de vida. Eu senti dificuldades na interlocução com os pares em algumas situações, com poder público também, porque o poder público, muito frequentemente deixa no piloto automático, e com os vereadores, você vê também que o discurso é sedutor, mas na hora não vê lutando por um orçamento forte para sustentar as garantias que as políticas da pessoa idosa precisam.

Eu jamais teria a prepotência de dizer conquistas de minha parte, mas houve conquistas durante a minha contribuição junto com o Conselho. Por exemplo, houve um movimento muito forte quando a Prefeitura retirou a gratuidade do idoso entre 60 e 64 anos de idade no transporte público. Ao final ali da gestão do Bruno Covas colocaram essa história de retirar o passe livre do idoso nos transportes municipais e metropolitanos. Houve muita luta, não só do Conselho, mas de diversos coletivos, dos fóruns e de estudos acadêmicos, inclusive mostrando que a pessoa idosa tem um papel muito importante na família e que perder esse benefício retirava outras possibilidades de participação e de contribuição dela junto à família ou até mesmo para ir a médico, para se cuidar e se tratar.

Durante uns dois anos, três quase, ficou essa situação com as pessoas idosas, entre 60 e 64 anos, pagando as passagens de transporte. O Estatuto da Pessoa Idosa prevê a partir de 65 anos, só que São Paulo, desde a gestão Haddad (Fernando), e junto com o Alckmin (Geraldo), que na época era governador, eles aprovaram a gratuidade a partir dos 60 anos. Então, era uma conquista, ninguém devia mexer com isso. Era algo diferenciado e importante aqui na cidade de São Paulo e na Região Metropolitana e a luta seria ganhar isso para o Estado e não retroceder. Eu acho que essa foi uma das lutas mais barulhentas dentro da vida do Conselho nesses últimos anos. E eu posso dizer que assim atuei também, não sou a dona da bandeira, mas eu engrossei esse caldo também.

Em relação a questões na área do trabalho, da inclusão da pessoa idosa em trabalhos de cooperativa, a gente tem a Secretaria Municipal de Trabalho e Empreendedorismo, que passou a olhar com mais atenção e preocupação, e a oferecer oportunidades nos seus polos de atuação e de ponte com empresas para promover a geração de renda e a empregabilidade das pessoas idosas, inclusive. É claro que eles trabalham com toda a população, mas também passaram a se sensibilizar com a questão da pessoa idosa. Acho que tem dívidas grandes do Estado e do município em relação a políticas de saúde, de cultura e de habitação. Habitação é um item bem complexo por uma dificuldade de conquista de uma condição mais segura e digna na vida do idoso.

Eu sinto que houve conquistas na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania na Câmara dos Deputados e para a Comissão de Políticas do Idoso e Assistência Social, dar palpite e contribuições, denunciar e cobrar é fundamental. É um corpo a corpo o tempo inteiro. Se a gente deixar a gente fica invisível. Se pensa muito mais em investir nos jovens, na carreira dos mais jovens, dos adolescentes e dos aprendizes. Até 2021, se não me engano, a própria Organização Mundial da Saúde estava querendo colocar no Código Internacional de Doenças a categoria de velhice, como doença. Foi uma pauleira. Numa lógica que enxerga o idoso como doente, como caminhando para a doença para a vida inativa, para a não visibilidade, então para que investir nele? Essas questões culturais, que não são só aqui no Brasil, são bem complicadas mesmo. O idoso se afirmar como um cidadão que tem voz, que tem direito a voto, que faz questão de votar e participar, que tem vontade de interagir, exigir, participar e informar. Então, eu falo de conquistas, mas a gente tem lacunas grandes ainda de promoção do idoso na sociedade.

Eu quero continuar acompanhando, e essa nova composição do Conselho é bem diferente do que era. Tem uma característica também bem diferente que é o fato de se tornar deliberativa, é paritária com poder público, então são 15 membros sociedade civil e 15 membros do poder público. O Conselho deixa de ser apenas consultivo, denunciador e conselheiro de encaminhamentos, e passa a ser também participativo do processo de decisão. Eu sinceramente não sei como que isso vai acontecer, porque é novo, eu não vivi isso.

A novidade nas eleições desse ano é que os representantes se apresentaram de formas organizadas diferentes: formaram chapas de organizações, de fóruns militantes de questões do idoso, de movimentos sociais coletivos, e, também, de organizações ligadas ao ensino e pesquisa, tanto que a chapa da EACH-USP foi eleita. Tem também, por exemplo, a Eternamente SOU, que trata das questões da comunidade LGBTQIAP+. Então, ficou diferente. Até o ano em que eu me candidatei eram indivíduos, cidadãos que abraçavam a causa, e agora não, você tem uma organização e tem que comprovar que essa organização é comprometida com a causa da pessoa idosa, e isso permitiu também um debate e uma discussão mais aprofundada dos temas e das questões fundamentais da causa da pessoa idosa, uma melhora o nível da discussão e das contribuições. Se você tem o EACH-USP e outras organizações que têm uma cultura de luta e de comunicação, você acaba tendo também uma certa expertise do conhecimento e das habilidades para comunicação, sensibilização e divulgação. Eu acho que subiu de status o Conselho, a gente agora está esperando uma boa evolução no desempenho com essas novas configurações.

A forma da votação também sofreu uma mudança. Até 2021 no formato era o seguinte, só eleitores com 60 anos ou mais poderiam votar. Candidatos sempre 60 anos ou mais, tanto antes quanto agora. Esse ano, com esse novo regulamento, que é de 2022, houve uma aproximação com aquilo que acontece com o Conselho Nacional de Direitos da Pessoa Idosa. Lá os representantes são de organizações, mas eles têm que ser também idosos, têm que ser pessoas com 60 anos a mais. O processo de eleição, este ano, aqui em São Paulo, abriu, não é só idoso que vota em idoso, mas é a sociedade. A partir dos 16 anos, o adolescente que já tiver o título de eleitor, ele poderia votar, e teve uma adesão boa e significativa de eleitores com essa faixa de menos de 60 anos, a partir dos 16 e até os 59 anos de idade. A eleição é aberta, e deve ser aberta, porque é a compreensão da sociedade a respeito do seu papel, tendo o Conselho como um braço de luta, um braço de pressão, de controle social, então é para toda a sociedade sim.

MATURIDADE X ENVELHECIMENTO

Maturidade eu acho que é aceitação, é expansão, é não se entregar aos limites, mas entender que as possibilidades são diferentes. Entender que a gente ainda pode contribuir, seja intelectualmente, seja por experiência, por disponibilidade. Eu incluo na maturidade a não expectativa muito alta de qualquer coisa, não o conformismo, não a submissão, mas a compreensão do que é possível e a gente pode até lutar e insistir às vezes, mas não ficar desesperada como eu costumava ficar quando jovem, como minha geração ficava. Acho que envolve isso, de aceitação, de compreensão e de conciliação.

É negativo na maturidade a negação de possibilidades, a impotência. A restrição financeira é algo que pesa. Eu tenho uma condição segura, um imóvel, moro razoavelmente bem, tenho um carro velho, uma reserva com a qual eu estou até ajudando uma tia de 97 anos. Se eu não tivesse essa reserva ia ser complicado, eu ia dividir o pouco que eu ganho de aposentadoria para ajudar uma pessoa que precisa.

De negativo, eu acho que o vigor físico muda, não tem jeito. Tem uma coisa que reduz a velocidade, deixa a gente com um pouco mais de proteção em relação a si mesmo. Por exemplo, minha irmã, que mora lá em Recife, inventou de ir ao show do Paul McCartney, aqui no Allianz, e me chamou para ir, mas eu estou com muito medo, me perguntando se eu vou aguentar. O pique, o tesão, eu acho um máximo. Adoro carnaval, eu acompanho o bloco, mas eu fico meio me questionando se eu não vou dar vexame, se não vou precisar ir ao banheiro e não conseguir achar. Então, essas coisas limitantes são, para mim, pontos bem negativos da maturidade.

Eu estaria mentindo se eu dissesse que o envelhecimento não interfere nas atividades diárias, interfere sim. Eu acho que interfere, porque a gente se sente mais feia, a pele vai ficando diferente, o cabelo fica diferente, a disposição física é diferente, o corpo não responde, não realça as roupas, não surge namorado. Eu não tive depois de mais velha, vamos dizer depois de 60 anos vai tudo meio que parado. Eu acho que a gente perde sim a capacidade de sedução e os hormônios mudam também. O envelhecimento tira essas coisas da gente.

DISCRIMINAÇÃO

Eu senti discriminação etária quando eu fui dispensada de uma fundação empresarial e eu não me conformei. Eu achei que tinha a ver com idade, com a faixa de salário e que eles queriam uma geração mais nova. Direito deles, mas não me conformei. Eu estava trabalhando. Mas, enfim, eles passaram a adotar uma política diferente e pronto, e daí no meu lugar entraram duas pessoas, que cobraram menos. Naquela época, para mim, foi traumático, eu achei que tinha a ver com faixa etária e eu fiquei muito mal.

Agora, nas relações eu não sinto tanto. E eu até fico muito feliz quando eu vejo que tem gente que diz, é idadismo isso que eu vou dizer, mas quando alguém fala: “Nossa, você não parece ter 74 anos!”. Pelo espírito, pela vontade de, por exemplo, de curtir carnaval. Nenhuma das minhas amigas da minha faixa participa de festa de carnaval. Aí eu vou com jovens, com a turma animada. Vou e vou com gosto. Nos blocos aqui da Pompeia, da Barra Funda. A gente escolhe a dedo. Ainda rola até umas paquerinhas. Sem querer contar nenhuma vantagem, mas já rolou num desses momentos. E eu penso comigo mesma; “E eu vou ficar em casa? Não!”.

HOBBIES E PRAZERES

Eu sou de signo aquário com ascendente em aquário, então eu tenho uma certa coisa que às vezes é meio difícil ficar o pé na terra e focar e ter uma concentração como os capricornianos têm. Então, eu sou curiosa, e se eu pudesse viajaria muito mais. Não tenho viajado, tenho viajado praticamente para onde se encontram os meus familiares, em Recife e Brasília.

Eu tenho a impressão de que eu desperdiço muito tempo com leituras aleatórias. O último livro que eu li foi o da Fernanda Montenegro, “Prólogo, ato, epílogo”, que é muito bonito. Eu gosto de escrever também, então quando eu tenho que preparar um texto eu acho ótimo. Não sou de sentar no computador e escrever crônicas, até fiz um curso na Universidade Aberta da Terceira Idade da USP, no Largo São Francisco, e era um exercício de ver estilos e de exercitar mesmo, não era aquela coisa da erudição não.

Eu ainda gosto de conhecer gente, às vezes me cansa um pouco, mas ainda gosto. A gente se surpreende. Eu não quero perder esse encantamento, eu acho que é uma coisa legal. Eu tenho amigos e amigas de longa data, mas eu gosto de conhecer pessoas legais, de ter uma conversa boa com alguém diferente, de me deparar com gente que eu gostaria de encontrar mais vezes. Eu tenho essa ‘vibe’ de encontrar pessoas e jogar conversa fora e de tomar uma cervejinha.

Eu não tenho um hobby, eu acho que eu tenho uma vida meio desorganizada. Sou eu sozinha. O único dia que eu tento me organizar um pouco é a sexta-feira, porque meu filho é tradutor e revisor, e na casa dele vai a faxineira e ele vem trabalhar na minha casa. Eu acho ótimo, é o dia que eu faço um almoço melhor, eu tento organizar a casa um pouco. Mas não sou organizada, eu vou fazendo uma coisa depois da outra.

O senso de humor, para mim, é fundamental na velhice, e desde sempre. Uma pessoa enfezada ficando mais velha é insuportável, então a irreverência e o senso de humor para mim são fundamentais, por isso que eu gosto de tomar cerveja também, porque daí eu me solto mesmo.

 

A VIRADA DA MATURIDADE

Eu não quero me distanciar do tema do idoso. Quero me manter informada, contribuir de alguma forma, conhecer outras iniciativas, como elas acontecem, e trabalhar com essa liberdade. Eu acho que é uma liberdade que, por exemplo, no Conselho a gente tinha um compromisso, era um trabalho voluntário, não tinha remuneração, mas tinha pautas de reuniões, agenda de reunião, agenda na Câmara dos Vereadores, tinha Assembleia Geral etc. Eu quero, agora, continuar ligada aos temas da pessoa idosa, mas quero abrir mais as perspectivas de compreensão, de aprendizado e de autoproteção também, porque isso tem a ver com meus interesses também. Eu quero ser uma idosa saudável mentalmente e socialmente, não quero me acomodar. E a Sandra (Gomes) tem essa característica, ela consegue dar uma cutucada.

 

INSPIRAÇÃO

Recentemente, o Sesc de Pinheiros fez um evento de comemoração do trabalho dos 60 anos do Sesc com a pessoa idosa. Eu achei muito bonito o formato que o Danilo Santos de Miranda (que faleceu no dia 29 de outubro), o diretor do Sesc, fez para o tema ele, convidando Fernanda Montenegro, Zezé Motta, Ignácio de Loyola Brandão e Marika Gidali, só gente brilhante. A mais nova era Zezé Motta, que tem 79 anos, os outros todos têm mais de 80. Eu achei bonito as mentes brilhantes de pessoas do mundo artístico. Incluindo uma mulher negra, com todo o poder, o charme e capacidade que tem a Zezé Motta. O brilho intelectual e o carisma do Ignácio de Loyola Brandão, ele contando uma história você é capaz de ficar o dia inteiro ouvindo. Quem me dera ser sabe capaz de escrever crônicas. Eu gostaria de ser uma pessoa que escrevesse não só relatórios, cartas, ofícios, documentos e atas. Então eu me pergunto se eu ainda tenho tempo para isso, e para mim mesma, para o meu prazer, uma fantasia de escrever pelo prazer mesmo, pelo exercício, pela estimulação intelectual.